Há poucos dias escrevi sobre a violência no Brasil e o que representa a chaga social das drogas e seu tráfico entre nós. Agora, testemunhamos mais um fato que representa, de forma mais eloquente, a falência do Estado e a substituição deste pelas quadrilhas formadas por policiais corruptos e por milicianos saídos dos quadros daqueles que deveriam guardar e zelar pelo bem e tranquilidade da sociedade.
Noticia-se, agora, que um sargento da Aeronáutica foi preso em Sevilha, na Espanha, portando expressiva quantidade de droga. Não foi acidental a sua prisão e nem isolada a sua conduta. Era a 29ª viagem em que era escalado para ir ao exterior em reforço à equipe presidencial. Ou seja, acima de qualquer suspeita. Afinal, esperava-se que alguém designado para comissário de voo de avião precursor da comitiva presidencial fosse alguém íntegro, de vida pregressa irreparável. Meios para esse tipo de pesquisa não faltam ao Exército, Marinha e Aeronáutica, que dispõem em sua organização de seção especial para esse fim. Não foi pesquisado, pregressado e sequer revistado. Imaginava que a ninguém fosse permitido embarcar sem revista rigorosa, especialmente em viagem ao exterior. Nada foi feito. Só não combinaram com as autoridades espanholas que, cumprindo dever que aqui não foi cumprido, flagraram o sargento com quantidade de cocaína. Fez essas 29 viagens nos governos Dilma, Temer e Bolsonaro. Seus superiores nunca suspeitaram que estava o Sargento servindo de "mula" para carregar droga para ao exterior com a proteção do Estado brasileiro e apoio de seus superiores. Quanto, em drogas, "exportamos" nessas 29 viagens para o exterior? Nunca saberemos.
O que sabemos é que o Estado brasileiro faliu também em segurança e combate ao crime e se esse sargento fazia isso, quantos outros sargentos, cabos, tenentes, coronéis, etc., também fazem. Ou alguém acredita em caso isolado? O vice-presidente da República confessou que esse problema é recorrente em todas as armas das nossas Forças Armadas. E o resto da organização estatal responsável em fazer o bem? Nesse caso, nem se trata de carência de qualquer espécie para justificar o ocorrido. O que faltou e tem faltado é responsabilidade de quem dirige o Estado para assumir as rédeas da nação e afastar o estado paralelo da delinquência, aliás, delinquência que está presente em todos os setores, inclusive nos descontos de parcelas dos proventos de aposentadorias de quem recebe um salário mínimo e sustenta, sem querer, sem consentir, entidades fantasmas que nada fazem e a ninguém representam.
O Estado também é omisso na proteção de seus cidadãos que imaginavam ter em sua defesa os órgãos estatais responsáveis pela proteção ao consumidor. Também aqui o Estado cedeu lugar à delinquência. Onde não cedeu? Sobre isso, escrevo outro dia.